quarta-feira, 27 de maio de 2009

Quando tudo é quase nada



Eu sei. Prometi não escrever, não ligar, não mandar mensagens ou deixar recados. Eu sei.

Sei ainda mais do que tem me inquietado e do que tem me movido e do que tem me levado nesse último mês. Nessas tardes de maio. Nessas páginas amareladas de Drummond, nesses cafés com pães de queijo, nesses olhares cruzados quando menos se espera.

Sei dos riscos e dos medos. Dos anseios, das precipitações e dos impulsos. Sei de mim mais do que nunca. E de você, cada vez mais.

Sei da razão e da sensatez, que acaba por nos fazer pensar em pensar mais um pouco. Sei também dos instintos escorpianos e das coisas que se sabe e que sabe-se lá porquê não se evita.

Sei da paciência e da calma, sei da compreensão. "Eu me esforço, confesso. Mas é de verdade, juro".

Sei que quanto mais alto se sobe, maior o tombo. Sei que quanto mais raso se vive, mais amargo o gosto. Sei da minha mania de intensidade. Sei das tardes de maio. Dos cafés com pães de queijo. Sei de filmes e cobertores.


"Eu nada te peço a ti, tarde de maio,
senão que continues, no tempo e fora dele, irreversível,
sinal de derrota que se vai consumindo a ponto de
converter-se em sinal de beleza no rosto de alguém
que, precisamente, volve o rosto, e passa..."


Sei dos meus anseios e vontades e sei ainda do medo e dos receios de que sobrem mágoas. Mas antes as mágoas que me sobrem, que o ressentimento de não ter vivido.



"Sereia bonita descansa teus braços em mim
Eu quero tua poesia teu tesouro escondido
Deixa a onda levar todo esboço de idéia de fim
Defina comigo o traçado do nosso sentido"
(O Teatro Mágico)

Nenhum comentário: