sábado, 25 de dezembro de 2010

Confusão

Tem uma frase do Tom Zé que eu adoro: "Eu tô te confundindo pra te esclarecer". Me senti assim agora, depois de terminar de ler o livro Tambores de Angola, supostamente psicografado por Robson Pinheiro. 

Não conhecia nada sobre o autor e nem sabia que o livro se tratava de psicografia. Ele simplesmente "caiu na minha mão" na última quarta-feira e minha curiosidade em relação a publicações que tratem de religiões (e principalmente religiões africanas ou "afro-brasileiras") me fez comprar o livro sem nem antes ler do que se tratava. O livro não é grande (256 páginas) e acabei lendo quase todo ontem. Hoje de manhã, terminei os dois últimos capítulos que faltavam. 

O que li me fez ficar pensando em várias coisas, em experiências que já tive, em coisas que já senti, vi, ouvi e pensei. Mas mesmo com palavras bacanas e conceitos que caíram bem nas explicações que o livro tenta dar, ainda fiquei com aquela pulga atrás da orelha. Queria saber quem é o tal Robson Pinheiro, o que mais ele já publicou, qual a sua formação. Recorri ao Google, é claro! E o que encontrei me confundiu mais do que me esclareceu. Informações desencontradas, gente que ama e gente que odeia o tal autor (que não seria autor, já que seus livros são psicografados). Espíritas kardecistas agradecendo as explicações a respeito de Pretos Velhos e Caboclos e umbandistas afirmando que o cara é um aproveitador da alta que a cultura negra de uma forma geral está passando e que faz afirmações caluniosas a respeito de magia negra, umbanda e candomblé e que as coloca como estando abaixo do espiritismo kardecista. Opiniões em blogs e revistas especializadas em espiritismo e sempre no oito ou oitenta. Encontrei um único blog em que o autor escreve: "Ele é um homem e pode cometer falhas como todos nós". De cara deu para perceber que essa história de falar de espiritismo e umbanda juntos gerou uma baita polêmica.

Um dos comentários que li em uma lista de discussões dizia que o que Robson publica não passa de ficção a moda de Harry Porter, com passagens tão fantasiosas quanto as dos livros do bruxinho. E de fato, alguns dos trechos que li me fizeram passar mais rápido pelas páginas (principalmente quando há uma passagem que descreve uma guerra entre espíritos do mal e bem feitores kardecistas aliados a espíritos de Pretos Velhos e Exús). Tudo muito cheio de referências materiais e efeitos especiais dignos de filmes apocalípticos de hollywood. 

Tenho certeza que ainda tenho muito a aprender sobre fenômenos que não conheço e minha curiosidade não está satisfeita nem a metade. O livro que no início parecia me esclarecer, acabou se mostrando mais confuso e ilusório. Mas talvez seja essa mesma a idéia. "Estou te confundindo pra te esclarecer". 

A busca continua e quem sabe um dia não encontro respostas para ter uma convivência mais harmônica com a natureza e as energias que circulam nela e em nós consequentemente. 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Eu quero o verão

Eu quero o verão, com tardes quentes infinitas, com o sol se pondo as sete da noite, com o cheiro da maresia no corpo molhado e seco ao sol. Quero o verão de não ter quer esperar e esperar por tudo com a maior paciência. Quero o verão de acordar cedo, só pra aproveitar mais um pouquinho do dia. O verão de olhar pela janela para ver mocinhas passar. Quero o verão com água salgada e água de coco. Verão de deitar na rede no fim da tarde e deixar o corpo pesar, ouvindo Marisa Monte, cansada do vai e vem das ondas e do sol, que cansam igual dançar na pista até de manhã. Quero o verão de pele ficando bronzeada e mergulho na piscina na volta da praia. Manhã com cheiro de protetor solar e tarde com almoço às cinco. Quero o verão de suco, sorvete, picolé e milk shake. Verão de vodka, cerveja e música até amanhecer. Quero verão de ouvir axé e decorar a nova música da Ivete. O verão me estasia. Bendito país tropical! Que Deus sempre o abençoe! E que eu vire professora o mais breve possível.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Susto

Não tem medida. Não sei dizer o tamanho. Talvez você faça uma idéia, por ser muito próximo do que existe aí dentro também. E explode e vem na boca, vem no choro quando a ficha cai.

Eu não quero te perder. Nem agora, nem assim.

Eu não aguentaria.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Satisfação

E como chorava. Chorava tanto. Mas não era choro de tristeza, nem choro de medo ou de saudades. Era choro de ser. Choro daquilo tudo acontecendo, assim, sem pressa, mas vindo correndo tanto. Ela sabia que aquela angústia dos últimos meses precedia um momento como esses, em que tudo se encaixaria sem maiores esforços.   Era choro de satisfação, como aquele dia em que chorou dentro da van, vendo o mar de São Conrado. Choro de estar viva e se saber feliz. Era choro para abrir os pulmões e respirar fundo toda a vida que aparece na frente, tudo aquilo que dá pra ver através da frestinha da porta que se abre. Escancara. Pula. Sem medo, sem angústia. "Você fica aí, posando de forte, como se não tivesse medo do que vai acontecer", ela disse. Sabe o que é? Eu amo esse medo. 

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

uma ponta

Estou muito próximo do limite e essa dor não esconde nem uma pontinha de prazer.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O que cabe

Em uma das minhas primeiras sessões de análise, discuti com o psicólogo sobre as diferenças entre alegria e felicidade. Falei durante uma hora. Alegria é sensação, felicidade é sentimento. Alegria tem a ver com euforia, felicidade com paz. Para me deixar alegre às vezes basta um sorriso, uma surpresa, uma lembrança. Outras vezes é preciso grandes esforços para vencer o mau humor matinal. Felicidade não. Não tem nada a ver com isso. Felicidade envolve muita coisa e nem todas elas são tão boas assim.

Felicidade é uma conclusão, um ponto de chegada. Alegria é um caminho, um estado de espírito. Felicidade envolve todas as pequenas alegrias cotidianas e muitas outras nem tão alegres. Porque tem coisa que não se parece nem de longe com alegria, mas cabe muito bem dentro da felicidade.

Eu sou alegre quando acho graça de uma piada, quando meu time ganha uma partida de futebol, quando recebo um elogio. Feliz ou se é ou não. Não tem meio termo, meio do caminho. E não vale gaguejar na hora de responder.

Naquela época, da tal sessão de análise, eu não sabia disso. Tudo era uma grande teoria. E o velho clichê do “eu era feliz e não sabia” também não se encaixa. Eu não era feliz. Hoje eu sou. Hoje eu sei que dentro de felicidade cabe o ciúme que eu sinto quando imagino certas coisas, cabe o ciúme que você sente quando tem que dividir minha atenção, cabe meu filho fazendo pirraça quando não quer tomar banho. Dentro da minha felicidade cabe até o trabalho, que é um saco e que me tira tanto o sono. Porque maior do que o ciúme bobo é perceber que ele chegou e conseguir conversar sobre isso e ele passar e a gente rir. Maior do que pirraça de criança é o amor que ele me dedica todos os dias em pequenas coisas. Maior do que o trabalho que me adoece são os planos que eu faço para mudar e deixar isso tudo para trás. Muito maior do que isso tudo é o amor que eu sinto. Por você, pelo meu filho, pelos meus amigos, pelos meus irmãos. Muito maior do que isso é o amor que eu sinto voltar para mim.

E eu sou feliz assim. Com meus lamentos, minhas angústias, minha inconstância que me movimenta. Sou feliz de olhar para trás e ver uma vida ainda no começo e perceber que já fiz tanta coisa, já passei tanta coisa, já vivi tanta coisa. Acho que sou feliz porque vivo e isso me cabe muito bem.   

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Amidalite no feriado

Bom saber que os objetivos se aproximam sem precisar fazer grandes esforços. É a vida se encarregando de seguir o rumo certo.

Chega de ter que provar alguma coisa a alguém.

sábado, 30 de outubro de 2010

Mãe

"Melhor sentir saudades do que passar raiva". (C.M.B)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Revisitando

"O melhor é que alguém me acompanhe, senão está arriscado que eu vá sozinha".

Engraçado ler isso dois anos depois. Muito bom saber que agora eu tenho você. E que a gente sempre se leve.


um trecho

"Tudo mais parecia um roteiro de filme do Cinema Novo. A aridez do sertão, a expressão profunda no rosto de cada habitante, os corpos envelhecidos pelo sol do nordeste. Estava completamente espantado com a confirmação de que ainda existissem lugares assim. Pensava que a quantia que os pais mandariam para essa família faria uma diferença muito maior em seu cotidiano do que imaginavam de seu apartamento em São Paulo. Onde ao menor sinal de calor, ligavam os aparelhos de ar condicionado. Onde faziam compras de supermercado pela internet, cozinhavam em microondas e secavam suas roupas em máquinas de última geração".

Ser deus

Você faz o melhor que pode e nada pode ser mais do que isso.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Eu não sou Clarisse

- Mas do quê você gosta?

- Não sei. Não porque eu não goste de nada, mas porque gosto de muitas coisas ao mesmo tempo. Gosto de comunicação comunitária, gosto de educomunicação, gosto de letras (gostaria de entender muito mais de literatura do que meu vago conhecimento me permite), gosto de ciências sociais... Não sei. Gosto da idéia de desenvolver soluções para questões sociais, gosto da idéia do meu trabalho ser útil para alguém.

- Acho que quando a gente pensa em trabalho, não pode deixar de lado a questão da rotina. Tem que pensar em algo que você se imagine lidando todos os dias. Porque tem coisas que só são muito legais até que virem uma obrigação.

- Eu não sei. Ando perdida e tenho me sentido burra. Já fiz dois anos de formada e nada. Não estudo mais, não entrei no mercado de trabalho na área que estudei... fiquei para trás.

- Pode ser sua chance de dar uma pausa, organizar as coisas, pensar melhor.

Daí eu me lembro da tal entrevista e da frase do Bill Gates: “Dê um tempo para você mesmo e crie alguma coisa”.

E uma angústia que chega devagar, que embrulha de leve o estômago e vai subindo a garganta atropelando os caminhos, os espaços. Preciso de uma pausa, um tempo, umas férias. Preciso da solidão escolhida e não desta que me tem sido imposta. Preciso escrever agora, porque é o que ainda sei fazer para espantar o desconforto. Até quando? Talvez até sempre. Talvez uma angústia crônica associada à decepção de me saber incapaz de acumular todo conhecimento que gostaria e de sentir o tempo passar enquanto mergulho nesse mundo corporativo covarde de bancários, banqueiros e bancarrotas. Uma briga interna, inteiramente minha. Eu e o que eu espero de mim mesma. Eu e o que eu tenho feito para ser quem sou. Desleal essa história de brigar consigo mesmo. Covardia versus coragem, medo versus ansiedade, o que eu sou versus o que eu gostaria de ser. E sobra o inverso da satisfação de dizer: minha vida é a minha cara, como no programa de TV. Eu não crio coisa nenhuma. Faz tempo que eu não penso, no sentido mais real que isso possa ter. Pensar para elaborar raciocínios novos. Tenho sido um robô manuseando programas e pessoas, me deixando a mercê de tipos que eu jamais gostaria de ter conhecido. Trancada num labirinto onde ganância, vaidade e inveja ditam as regras do jogo. E pensar que fui eu que pulei aqui dentro. Eu escolhi me trancar na jaula com os leões em troca de menores cobranças e mais dinheiro no bolso. Me deixando levar por sentimentos próximos aos dessas pessoas que tanto repudio. Me dão ânsias e enjôos e eu aqui, buscando a chave do cadeado que eu mesma fechei. Tenho a sensação de que quando essa porta abrir, só vou levar comigo meu gato cinza, minha caixa de livros e vinis e a certeza de ter me livrado de uma bela e falsa armadilha. Dinheiro, status e “estabilidade” pagam as contas, mas deixam um rombo enorme no seu coração. Ando procurando outro lugar para pendurar minha rede.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Armadilha

Armaram uma ratoeira, que daqui eu consigo ver o tamanho, mas quanto mais próximo chego do queijo, melhor é o cheiro.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Conversa a três

"Sabe, às vezes eu penso que queria ser assim, igual ao Santo, ao Dudu... terminando faculdade, dando aula, levando essa vida mais ou menos, mas sendo super feliz com ela assim. Tendo essa rotina casa-trabalho-fim de semana no sítio, sem pretensão nenhuma de sair de Juiz de Fora. Mas eu não sou assim. Eu quero engolir o mundo!" (Daniel)

A fome é tamanha. A ânsia é tanta que a boca não fecha.

- Não é só o fato de escolher entre uma cidade e outra. É escolher entre estilos de vida opostos.
- É a adrenalina versus a calmaria.
- Pode ser o profissional versus o pessoal.
- Não preciso fazer essa escolha. Essa escolha eu já fiz. Mas a busca é por consciliar tudo. Por mais que a gente saiba que tudo ao mesmo tempo é ilusão.
- Vai sempre ser. Porque logo que consegue uma coisa, já tem outra por querer. É a fome que não passa.
- Sua digestão é muito rápida. Rsrsrs
- Eu acho que você deveria ir. Vai ser bom pra vocês.
- Eu sei.

sábado, 7 de agosto de 2010

depois da tarde

- Sabe, acho que o que falta é a companhia. Faltam meus amigos pra curtir comigo.

Petrópolis, 04 de agosto de 2010

Oi Flor.
Isso não era para ser uma carta, mas sei que só um bilhete não vai dizer o que eu quero te dizer. Por aqui as coisas vão indo, se alternando em dias de euforia e do contrario dela, um sentimento que beira o desespero. Quase não me reconheço na maior parte do tempo. Ando trabalhando demais e sendo eu de menos. Entrei para a Capoeira, adotei um gato, vou ganhar uma bicicleta. Talvez as coisas melhorem. Meu pequeno passou uns dias comigo, a mulher que eu amo tem passado os últimos e não sei como vou ficar quando todos se forem. Tenho tentado trabalhar menos, para que algo me recompense diariamente. Pendurei um calendário na parede e conto os dias que faltam para a semana acabar. As vezes me sinto como um dependente químico em processo de recuperação: conto as horas para agüentar, só mais um pouquinho, para viver mais um pouquinho, para mentir mais um pouquinho. Mas sabe, Flor, eu não minto o tempo todo. Não consigo. Não consigo viver 24horas o personagem que me empurraram goela abaixo. Por isso a Capoeira, o gato, a viagem para Trindade. Por isso escrever cartas, ler livros, te preparar caixas surpresa. Para misturar cada pedacinho com os pequenos detalhes cotidianos. Regar as flores, fazer compras, lavar roupa, cozinhar, manter a casa limpa, o armário arrumado, o potinho de comida do gato cheio, tirar o lixo, lavar a louça, o banheiro, a cozinha. Mas eu não minto o tempo todo, não consigo. E tem dias, Flor, que dá vontade de me rasgar de dentro pra fora. Vontade de gritar com a vizinha que não pára de brigar com o namorado, de xingar aquele mala que acha que é meu chefe e não é, de mal dizer todos os petropolitanos por não ter feito amigos aqui em mais de seis meses. Dá vontade de deitar na minha cama e deixar o tempo passar até o ano acabar. Mas aí, Flor, quando a fase do desespero começa a passar, quando aos pouquinhos eu começo a me refazer em forças para criar novos sonhos, novos planos, quando consigo me encontrar em pequenas coisas e desejar tudo que me dê possibilidade de ser mais eu, menos esse personagem que vai trabalhar de segunda a sexta; quando vai ficando cada vez mais claro que grande parte do meu peso vem da atividade que eu tenho exercido, eles me compram com bonificações, jantares, dinheiro referente a siglas que eu nem sei o que querem dizer. Remunerações variáveis de coisas que eu não gostaria de ter feito. E eu me sinto vendida. E chego em casa carregando um mundo nas costas. E deito no chão da sala e olho ao redor, vendo tudo que comprei com esse dinheiro, vendo o apartamento onde eu moro e pago com esse dinheiro. E penso na escola do meu filho, no presente para minha mãe, naquele fim de semana, nas idas ao cinema, nos armários cheios de comida, roupas e livros. E as vezes acho caro, muito caro ter certas coisas. Qual o preço da minha tranqüilidade, Flor? No silêncio do meu apartamento vazio, fica o barulho do dia inteiro, ressoando dentro de mim. As vozes, as frases, os tons ríspidos da fala, os olhares, as piadinhas e os sapos, os imensos sapos de cada dia. Quando a vontade de escrever se dispersa nas angústias que não se deixam expressar. No barulho interior. Eu queria te dar noticias, Flor. Contar do fim de semana em Trindade, das idas a Juiz de Fora, das conversas com meu pequeno, do amor que a mulher que eu amo tem me dedicado, te contar das travessuras do Jimmy (o gato) e te fazer perguntas sobre a vida por aí. Mas é preciso diminuir os ruídos. Eu já tenho a varanda, a rede, o notebook no colo e o copo de mate na mão, mas cadê o silêncio?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

So deep inside

Dói. Uma dor que não é forte nem fraca. Nem constante. Intensa, quando vem. Muito diferente de dor de se descabelar, de dor de se jogar no chão e fazer manha como criança. Uma dor que eu não conhecia. LSD sem prazer. Um não fazer, não mexer, não levantar nem sentar. Ficar como está. Nem quente, nem frio, nem claro, nem escuro. Talvez o clima esteja ajudando um pouco. Nessa época, a serra já deveria estar com céu aberto todos os dias. Tem sido nublado. Acalmar a impaciência, deixar os tumultos de fora, dar ao tempo o que lhe pertence. Se fosse mais fácil. Se fosse mais exata essa coisa de vida, de organizar pensamentos, de manter o centro livre de interferências. Se fosse mais concreto isso de consciência, energia flutuante entre o que é meu e todo o resto. Cheguei a acreditar que fosse só uma questão de adaptação, de aprender a viver só. De se deixar envolver pelo silêncio do apartamento vazio, pela rotina das coisas pequenas do dia a dia, pela obrigação de deixar tudo limpo, de tirar o lixo, de pôr a roupa na máquina, de regar o vaso de planta. Acreditei que era só aprender a conviver com a solidão. Talvez. Talvez ainda seja. Talvez essa coisa de reclamar do trabalho, de pôr a culpa naquela velha chata que se comporta como se fosse minha chefe ( e não é ), não seja nada mais do que desculpas. Para mim mesma. Desculpas para não assumir que está difícil se adaptar à solidão. Para não assumir que talvez eu não saiba ser sozinha e precise. Nem sempre é tranqüilo carregar o peso das escolhas que fazemos.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Poltrona 19

Eu tava lá, na casa da mulher, aí a mulher começou a me perturbar. Reclamando de tudo, falando da minha vida. Eu falei: "Quer saber? Tô indo embora, malandro”. Porque ninguém tem que viver minha vida não. A vida é minha, eu vivo a minha vida, não vivo a vida de ninguém. Eu tenho o meu dinheiro, que é o banco que me paga. Não devo dinheiro pra ninguém. Você acha o quê? Que um cabra com sessenta e cinco anos não tem vida mais? Porque eu te digo uma coisa: eu tô vivo ainda e enquanto eu tiver vivo eu que vivo minha vida. Ninguém vai dizer pra mim o que eu tenho que fazer não. Mulher maluca. Aí eu disse pra ela: “Oh, quer saber? Eu vou lá pra Juiz de Fora. Vou lá beber no boteco do meu camarada Nonô, que eu chego lá e digo 'Ô Nonô, me vê uma daquela'. E ele diz: “Cuidado que essa derruba!” Mas então é essa mesma que eu quero, porque se fosse pra ficar em pé, eu me amarrava no poste. Eu bebo é pra cair, malandro. Veio a mulher dizer pra mim que só me vê tonto por aí. Eu vou te dizer uma coisa então: eu bebo mermo, que quem paga minhas cachaças sou eu. E eu vivo tonto mermo, então se cê tá me vendo, é porque tá me vendo tonto, morô? E a tal da mulher me encheu tanto a paciência, que eu disse pra ela: eu vô é pra Juiz de Fora beber com meu amigo Nonô e depois de lá eu vou pra Rio das Ostras pra vê meu cunhado e tomar umas com ele lá. Que eu não tô morto não, malandragem. Eu tenho meu dinheiro, minha aposentadoria, que é o banco que me paga, todo dia três. Todo dia três eu chego lá no banco: “Me dá meu dinheiro aí, malandro!” e a mulher lá me fala: "Seu Elias, o senhor quer fazer uma poupança?” Poupança que nada, minha filha. Eu tenho sessenta e cinco anos, num tenho filho, num tenho mulher, vou deixar dinheiro pra quem? E além do mais eu não gosto dessa história de Seu Elias, não. Meu nome é Lilico. Lilico Viola. É assim que a malandragem me chama, da época das serenatas. Toquei muito embaixo da janela das moças, tocava pela rua, viajava essas cidadezinha aí tudo. Lilico da Viola. Eu gosto é de viajar. Cê tá achando o quê, malandro? Que um cabra de sessenta e cinco anos não tem mais nada pra viver não? Eu gosto é disso aqui. De viajar, de conhecer gente, de olhar essas paisagem, olhar pros morros, pro céu. Olha que coisa mais linda esse caminho! Olha lá aquelas nuvens lá na frente, vai dizer que não dá vontade de mergulhar no meio delas? Ô malandro, eu tenho sessenta e cinco anos, mas não tô morto não. Quero viver minha vida. A gente nunca sabe a hora que vai morrer não. Meu irmão, oh, quarenta anos, filho, mulher e o escambau, caiu durinho na frente da esposa. Deu um treco no coração lá. Cê não sabe a hora que vai morrer não, malandro. Na hora que ela chega cê vai. O camarada lá da rua, foi fazer graça pra menina, ligar a luz da casa dela. Morreu. Ficou lá pendurado nos fio tudo, grudadinho com a mão no fio. Você sabe o que vai acontecer daqui há dois minutos? E se esse ônibus vira e morre todo mundo? E se só sobra o Lilico? Cê não sabe, malandro, então se não sabe tem que viver hoje. Aproveitar essa paisagem, respirar fundo, sabe como é? Cê tá achando o que, malandro? Que um homem de sessenta e cinco anos não tem mais idéia, não pensa mais. Eu até música faço. Poema, versinho. E vô te dizer uma coisa, eu gosto mesmo é de viajar, conhecer as pessoas. Oh, quando eu to lá na minha casa, eu não fico vendo televisão em casa não. Eu vô pro bar tomar umas, conheço uns camaradas, umas mulher. Ou então eu fico lendo. Eu gosto muito de lê. Leio muito a Bíblia, sabe? Acho um livro muito bonito, muito bem escrito. Mas te dizer que tem umas coisas lá que não são certas não. Cê sabe que Jesus caiu na porrrada com aqueles cabras lá que ficavam irritando ele. Mas aí ele pediu pra tirar essa parte da história pra ficar mais bonito, né? Fora que tem umas coisas que uma hora diz e noutra hora disdiz. Tem lá na Bíblia, um dos mandamentos do senhor: não matarás. Não é isso? Quer dizer, cê não vai matar ninguém nessa vida pra ser um homem de bem, pra ir pro céu. Aí você vai lê lá na frente e descobre o rei que mandou matar todo mundo porque o povo não acreditava em Deus. E tem lá aquela história ainda, do homem que passou no meio das águas. Depois que o cabra passou, os inimigos vinham tudo atrás dele e o que aconteceu? Fechou as águas tudo em cima dos camaradas. Aí eu te pergunto, malandro: num matou? Matou foi um monte de uma vez só. Aí tem uma história: Vinha Jesus caminhando com Pedro e chegaram na beira do mar. Jesus olhou um navio que vinha lá longe e disse: "Pedro, naquele navio vem um homem que quer me matar". E Pedro perguntou pra ele: "O que cê vai fazer, Jesus?". “Vou afundar o navio”. Aí Pedro ficou assustado. “Mas Jesus, só um homem lá quer te matar e tem um monte de gente lá dentro do navio!" Aí Jesus respondeu pra ele: Os justos pagam pelos pecadores. O Pedro não ficou muito satisfeito com a resposta não, aí Jesus pediu pra ele: "Ô Pedro, trás pra mim aquela casa de abelha que tá naquela árvore lá". E o Pedro foi, né? Que ele era muito obediente. Pegou a casa das abelhas e enrolou assim nas vestes dele. No meio do caminho, uma safada duma abelha picou o Pedro bem na bunda. Ele ficou desesperado, saiu jogando tudo no chão, pisando nas abelhas toda. Aí Jesus perguntou pra ele: "Quantas abelhas te picaram?" E Pedro respondeu: "Uma". Os justos pagam pelos pecadores. É malandro, eu leio a bíblia mas não fico bitolado não. Eu interpreto as coisas que tão escritas lá. Sabe que uma vez fui tirar uma dúvida com um padre. Porque o negócio é o seguinte, tá lá no Gênesis: Deus criou Adão, achou que ele tava muito sozinho, tirou uma costela dele e fez a Eva. Aí teve aquela estória toda da cobra, Adão e Eva tiveram dois filhos: Caim e Abel. Aí o Abel era aquele cara certinho, sabe? Sabe aquele malandro que faz tudo direitinho? E Deus amava ele. O Caim não. O Caim era meio doido. Assim, que nem o Lilico. Meio doido não, doido inteiro, que já que é pra sê doido é doido de tudo. Aí o Caim ficou foi com uma raiva, que esses cabras certinho demais deixam é quem é meio doido uma fera. Aí o Caim não agüentou, foi lá e matou o Abel. Aí, bateu aquela dor, né? “Pô, matei meu irmão”. Aí então que o cabra ficou mais doido ainda e saiu andando por aí. Andou, andou, encontrou uma mulher lá e casou com ela. Aí eu te pergunto: Que porra de mulher é essa? Não era só Adão, Eva, Caim e Abel? De onde saiu essa mulher? Aí sabe o que o padre me disse? “Mistério, meu filho. Mistérios da Bíblia”. É um livro muito bonito, a Bíblia, que eu leio todo dia, mas tem umas coisa lá que não tá muito certo não. Sabe, malandro, eu acho que eu vou dormir um pouco. Mas ó, eu tento dormir e não consigo. Que eu gosto mermo é de aproveitar esse encontro aqui pra uma conversa. Vê só uma coisa: cê veio aqui, comprou passagem, eu também, e a gente nunca tinha se visto antes, malandro. E se bobear nem vai se ver nunca mais. Então ta aí. Já que é pra viajar assim do lado de desconhecido, passa a conhecer, né? Que se tu quiser ir comigo depois tomar uma pinga lá no Nonô, cê pode ir.

sábado, 10 de julho de 2010

Por tão pouco

Ainda não tinha pensado em você com cuidado. Depois da notícia, tentei me lembrar das últimas vezes que nos esbarramos por aqui, das palavras que trocamos, do abraço apertado, do contentamento de termos descoberto uma amiga em comum. Tento sempre fugir desses clichês, mas eles me batem na cara quando vejo sua foto no orkut me lembrando que semana que vem seria seu aniversário. Não quero ficar triste, quero lembrar de você com a calma que você falava sempre, com a tranquilidade e o olhar a parte de tanta coisa. E é bom saber que deu tempo para tanta coisa, tantos lugares, tantas pessoas. Acho que não fico triste porque me lembro que quando te vi, você estava muito feliz e fiquei feliz por você. "Lembrar é uma forma de sempre manter vivo". Vou lembrar de você sempre. Vou sempre me lembrar de ser feliz hoje. Porque a morte não olha a certidão de nascimento antes de te beijar.

domingo, 13 de junho de 2010

Minas Gerais

Tem coisas que a gente precisa de tempo para aprender a admirar. Tempo e talvez um tanto de calma, tranquilidade, acordar sem despertador, andar sem olhar o relógio, esperar o que for sem impaciência. Calma e talvez um pouco de paz, leveza, tranquilidade para ouvir uma criança falar, para observar os contornos das casas, para sentir o cheiro de jasmim que sobe no ar quando a tarde começa a cair. Paz e talvez um pouco de olhar sereno, para perceber a beleza em um beco coberto por flores e folhas de diversas espécies e cores, que com o bater do vento deixam o chão como que com um tapete colorido.



Tem coisas, muitas coisas, que podem nos fazer feliz só por existir. Elas estão ali, você também, naquele mesmo momento, naquele mesmo lugar e só perceber isso, só dar uma mínima atenção, já basta.
Felicidade é cumulativa. Quanto mais se tem, mas se sente. E qualquer riso de criança, canto de passarinho ou céu azul é suficiente para te fazer sentir vivo. Vivo e feliz. Que bom que não moramos no Alasca e o céu aqui é azul quase o ano inteiro.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Inverno

Me dei de presente um brinquedo novo. E estou adorando.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

1- ATIVIDADE TEXTUAL

Juiz de Fora, 03 de abril de 2010

A Semana Santa

Na Semana Santa, nós celebramos a morte e a ressurreição de Cristo e também é conhecida como Páscoa.

A Páscoa tem vários símbolos e os mais populares são: o Coelho da Páscoa e os ovos de Páscoa que simbolizam a fertilidade e a ressurreição de Cristo.

Jesus Cristo foi um homem que foi crucificado sem razão e três dias após sua morte, ele voltou e ficou quarenta dias na Terra. No final de quarenta dias, ele foi para o Paraíso conhecido como Céu e agora está comandando a Terra ao lado de José, Maria e Deus.

A Páscoa é o aniversário de morte de Jesus Cristo e na Páscoa tem uma procissão que representa a entrada e a saída da cruz de nosso pai, que antes de ser crucificado foi traído por Judas, chicoteado pelo exército romano e foi colocada uma coroa de espinhos que fazia o sangue sagrado derramar no chão e mandaram Cristo carregar a cruz nas costas até a montanha. Lá, foi crucificado e perdoou um dos ladrões que foi crucificado ao seu lado e que falou: - Por favor, criador, perdoe todos os meus pecados e me leve com você para o céu. Cristo o respondeu: - Já estará comigo no Paraíso.

Então, agora que vocês entenderam que a Páscoa não é apenas o coelho nem os ovos de chocolate, vocês já sabem que a Páscoa é o feriado em que o homem celebra o aniversário de morte de Jesus.

Arthur Silva Caetano (8 anos)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

aquarela

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...
Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...
Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...
Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...
Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...
Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...
De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...
Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)...

(Toquinho e Vinicius)


Gosto dessa música

sábado, 27 de março de 2010

pedacinhos

Eu adoro escrever nessas horas. Quando você cai exausta do meu lado e dorme agarrada em mim. adoro escrever sentindo a sua respiração na minha perna e sua mão na minha cintura. escrever enquanto acaricio seus cabelos e você dorme. amo cada coisinha em você e o número passa muito de cinco. e me aperta o peito pensar em te perder. ainda bem.

Além do que se vê

Sabe o que é? É que tem horas que isso tudo cansa. Cansa só saber dos amigos por mensagens no orkut, só conseguir contar da minha vida esrevendo um post no blog, só ver meu filho no fim de semana, só ouvir a voz da minha namorada a semana inteira. Cansa essa correria de sair mais cedo do trabalho pra não perder o ônibus na ida e deixar ela na cama pra não perder o ônibus na volta. Cansa essa rotina hotel-banco-hotel, de nove às seis. Cansa ver que eu dou satisfação de tudo que eu faço à recepcionista, porque tem dias que é só com ela que eu falo depois que saio do trabalho. Cansa mudar de quarto toda semana e não ter companhia pra um chopp no fim do dia. Alguém que só sente do meu lado e me faça pensar e falar sobre qualquer coisa que não envolva contas PJ, investimentos em CDB e microempreendedores. Alguém com quem eu possa falar o que eu realmente penso de cada uma daquelas pessoas pras quais eu dou bom dia toda manhã. Sem que pareça fofoca, sem que entendam B quando eu digo A, sem que qualquer comentário que eu faça influencie na forma como as pessoas me tratam. E sinto falta de dar um beijo no meu filho e de conversar com a minha mãe na mesa da copa, depois que todo mundo foi dormir. E dá uma vontade louca de montar logo o meu canto, ter enfim uma casa, dormir mais de um dia sguido na MINHA cama. Uma vontade louca de acordar com beijinhos e o sorriso mais lindo, mesmo em dia nublado. E dá até pra pensar que eu vou sentir falta de que arrumem minha cama, lavem minha louça e me façam ovos mexidos que não estão no cardápio e que me paguem um jantar só porque eu não me importo de dormir em um quarto sem ar condicionado. Dá até pra me imaginar sentindo falta do bom dia da Fátima e dos galhos que ela me quebra quando eu esqueço pela terceira vez o carregador do celular em Juiz de Fora. E chega a dar um frio na barriga me ver deitada, olhando pro teto e me vendo sozinha num lugar onde eu não conheço ninguém. Onde o ombro mais próximo está a 96km de mim. E enquanto isso tudo vai correndo na minha cabeça, eu vou vendendo seguros, abrindo contas, aumenando limites de cheque especial, formulando estratégias pra ganhar uma graninha extra na remuneração variável do fim do ano e, quem sabe, uma viagem pro nordeste, com acompanhante e tudo. É... esse banco é uma mãe mesmo. Pena é que me levou pra tão longe da minha.

domingo, 14 de março de 2010

o que é

Era pra ser sobre literatura. Sobre coisas que tenho lido e o tão pouco que tenho escrito. Era pra usar umas frases do Mário Sabino dizendo qualquer coisa que fizesse um link de literatura boa com angústia. Qualquer coisa que faria um bom efeito pra justificar a minha ausência. E iria divagar sobre as angústias próprias e alheias e fazer comentários supérfluos, dignos de serem jogados na lixeira pelas poucas pessoas que gastam algum tempo lendo isso aqui. Era pra ser sobre mim, mas tenho percebido que não consigo mais falar de mim sem falar de você.

São quase seis meses. De poucos textos, alguns depoimentos, muitas mensagens de celular e milhares de minutos ao telefone. Seis meses partidos ao meio pela distância de tantos dias. Meio ano de respeito, carinho, amor, dedicação. E já não quero mais pensar em viver sem. Já não penso. Já entreguei os pontos de todo o medo e insegurança que me rodearam no princípio. Já não sei mais fazer planos que não incluam você.

E em meio a mudanças repentinas, cidades pequenas e megalópoles, carros, ônibus e aviões, em meio às angústias em relação a finanças, empregos e carreira profissional, fica o que não se acaba, o que não desgasta, o que só faz crescer a cada dia. Fica o seu cheiro no travesseiro que eu não quero que a camareira troque. Fica o seu sorriso no porta retrato. Fica sua voz ressoando na minha cabeça e a lembrança do gosto, da pele, do gozo. Fica o que me faz melhor a cada dia. Fica você. Ficamos nós.

Eu não sei o que nos espera e prefiro seguir com minha crença no acaso. Prefiro saber que o que chegou até aqui dependeu de uma construção constante, diária. Prefiro saber que nossos esforços são suficientes para manter e fazer crescer uma relação que só nos faz bem. (mas que os santos continuem abençoando e abrindo os nossos caminhos). Prefiro escrever menos e ser mais feliz. Bons textos são sempre fruto de uma boa imaginação. Que minhas angústias sejam só imaginárias então.

quarta-feira, 10 de março de 2010

telegrama

"Vixi! Eu te pedi só um beijo e cê me deu logo um amor. Minha Nossa Senhora, que eu agradeço todos os dias, porque me deu a pessoa mais linda que há de ter nesse mundo, há de abençoar todos os momentinhos que a gente tiver juntinho. E quando tiver longe também, que é quando nós precisa mais ainda de que tenha alguém de olho. Que é pra que ninhuma coisa ruim possa acontecer com o nosso amor. Num sei ainda quando eu volto, mas que seja em breve, se Deus quiser. Que é pra ir logo pedir tua mão pra poder te fazer companhia todos os dias da minha vida. Amém."

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

conquistas

Conquistas individuais que repercutem em 10% da população nacional.

link

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

fotografias

"(...)era a imagem em preto e branco. O sol partindo o dia ao meio. As cores da tarde caindo do céu. O samba na praça, o bloco na rua. Era eu me dissolvendo em sussurros e gemidos. Era a imagem em preto e branco tirada da luz do próprio dia. Sem maquiagem, sem fantasia. Nua, você ficava ainda mais linda." (Camila Damasceno)

uma tarde

"(...)um desses raros momentos em que o tempo parece parar. As horas corriam mais devagar, o sol demorava mais a descer. A tarde ia passando trazendo em cada minuto uma risada, uma pipa no céu, uma bola no chão. Pic nic na grama e a felicidade de mesclar todos os tipos de amores. Filho, amigo, mulher. Coisas ditas pequenas, que trazem em si todo o sentido de coisas ditas maiores. O amor tem cheiro e se dissipa no ar".

(Camila Damasceno)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

trechos de mim em mim mesma

“Leve e úmida amanheceu. A chuva transformara em lama espessa a cinza fina que caíra na noite anterior. As malas já estavam prontas, o trem partiria em cerca de duas horas. A idéia de estar a caminho de casa trazia conforto. As lembranças dos cabelos negros ralos sobre a testa, que ventavam enquanto ele corria, movendo-se em suaves movimentos, faziam a imagem do menino ressoar em seus pensamentos. Bateram na porta. “Tudo pronto? Saímos em quarenta minutos.” Juntou os papéis que estavam na cabeceira, abriu os armários e olhou nas prateleiras para se certificar de que não estaria se esquecendo de nada. Naqueles dias em que acordava sozinha na cama, não gostava de se olhar no espelho pela manhã. Não gostava de se olhar no espelho quase nunca, como não gostava de ser fotografada. Guardava dentro de si, como pequenos filmes mudos, os sorrisos, os movimentos, as expressões de qualquer um que chamasse sua atenção, mas não sabia lidar com essa discrepância da imagem que fazia de si com a que era possível observar no próprio reflexo”.
(Camila Damasceno)

Eu tive um sonho, vou te contar

Essa noite eu tive um sonho. Um sonho estranho. Sufocante. Agitado. Estressante. Desses que nos fazem sentir que não descansamos nada durante o sono. Eu estava presa. Encarcerada. Sabe-se lá porquê. Em um lugar cheio de guardas e outros presos. Mas não era um presídio. Também não era uma delegacia. Estava mais para um manicômio cuidado por policiais. E cheio de pessoas presas como eu, sem saber porquê. Passei boa parte da minha noite formulando estratégias para escapar, para sair correndo dali. Formulando e pondo em prática. Com diversos fracassos. Pulei do terceiro andar, me machuquei e fui pega. Tentei descer por cordas, mas ao chegar no térreo pelos fundos, descobri que não havia saída sem passar pelo pavilhão ocupado pelos guardas. Em um determinado momento, meu irmão foi encarcerado também. Dessa vez, existia um motivo, mas ninguém soube explicar exatamente qual. E meu desespero de escapar daquele lugar se transportou para ele. E minhas estratégias foram direcionadas então para ajudá-lo a escapar. Até que ele conseguiu fugir. E éramos vários, tentando escapar daquele lugar estranho, escuro, cercado, vigiado. Todos sem um motivo claro para estar ali. Nenhum criminoso infiltrado. Só pessoas estranhas sendo presas sem nenhum motivo aparente. E em um momento parecido com uma rebelião, fugimos. Eu e mais alguns, correndo, desesperadamente, até sair do alcance dos olhos daqueles guardas, que por um motivo qualquer, no meu sonho, não tinham nenhum poder para além dos portões do lugar misterioso. E então eu me vi sozinha, escondida, com medo, com fome, cansada, em uma cidade desconhecida, sem dinheiro, só com a roupa do corpo. Mas mesmo o medo de estar diante de uma situação em que novamente eu não sabia como agir não era maior do que a sensação de sufoco causada pelo encarceramento naquele lugar. E eu por fim me senti livre e comecei a andar, sem rumo, até acordar com o despertador me avisando que mais um dia começava e que o banco abriria em uma hora.
Vou passar a relatar meus sonhos pro meu terapeuta. Joung há de ajudar.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Sabendo a dor e a delícia

"E nada como um tempo após um contratempo
Pro meu coração
E não vale a pena ficar, apenas ficar
Chorando, resmungando, até quando, não, não, não"
(Chico Buarque)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O que não se ensina

"Nos caminhos que decidiu seguir havia percalsos e desconfortos, mas a idéia de que tudo se encaixaria para gerar os melhores resultados era sempre predominante. Um otimismo burro, que muitas vezes indicou estradas confusas, portas erradas. Quando começou a aprender a medir sua própria ansiedade, pôde perceber que os resultados sempre são proporcionais aos esforços. Um grande prêmio envolve um grande risco. Mas coragem não tem nada a ver com imprudência." (Camila Damasceno)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

bate-papo

Até que ponto você banca sua loucura?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Chove forte na terra da garoa

Entre escolhas de palavras certas e observações de atitudes alheias, a zona de desconforto vai se justificando em detalhes sutis e monetários (nem tão sutis assim). É o preço que se paga. Literalmente. É o tanto que se vende, diariamente. "Dá pra ser feliz", ela afirma. E eu tento me apegar às argumentações. E me apego sempre mais às possibilidades. À tudo que o dinheiro pode comprar que beneficie o que ele não compra. Propaganda de cartão de crédito. "Tem hora que parece que eu tô sonhando." E quando tudo muda de repente, não existe um padrão, um parâmetro que ajude a direcionar as atitudes, e as cenas se atropelam diante dos meus olhos, me pedindo respostas que nem sempre eu sei dar. Ajo por instinto. E por instinto choro nos seus braços quando o feriado acaba. Quando acordar sozinha me trás de volta à realidade-sonho que eu ando vivendo nos últimos dias. Quando lembrar de você no chuveiro me faz rever conceitos que antes eram tão enraizados. Quando te ver fazendo tudo para estar sempre ao meu lado me dá forças para continuar distante. Parece estranho, eu sei. E é. Acreditando que os fins justificam os meios (desde que não ultrapassem meus valores), sigo em frente diariamente. Te dando "bom dia" toda manhã, ao olhar pro espaço vazio na cama. Te dando "boa noite" quando deito, ao abraçar o travesseiro com o seu cheiro. Na esperança de que o ano não demore a passar.

Tem uma pastinha da Gadú no seu pc

Encontro
(Maria Gadú)


Sai de si
Vem curar teu mal
Te transbordo em som
Poe juizo em mim
Teu olhar me tirou daqui
Ampliou meu ser
Quero um pouco mais
Não tudo
Pra gente não perder a graça no escuro
No fundo
Pode ser até pouquinho
Sendo só pra mim sim
Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir
Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Eu também - O que não cabe em um depoimento

Saudades do cheiro, do gosto, da pele. Da voz, do beijo, do afago nos cabelos. Da risada, da testa franzida, do carinho na nuca. Do jeito, do gesto, das mãos. Saudades das piadas, das conversas, da compreensão. Também te queria aqui pra me dar colo quando eu chego do trabalho. Pra te dar colo na hora de dormir. Talvez algumas coisas sejam mais fáceis pra mim, já que no meu caso tudo é novidade. Não sei como seria se quem partisse fosse você. Mas ando cansada de pensar em "como as coisas seriam se..." Melhor pensar em como estão sendo, não é? Pensar que ao menos temos várias horas ao telefone diariamente a uma tarifa mega reduzida. Pensar que em três horas eu tô aí ou você aqui. Pensar que não faz nem uma semana ainda e eu já estou indo. É difícil. E tem horas que a vontade é de largar tudo e sair correndo. Passar naquela porta na hora do almoço e não voltar mais. Mas nada disso iria adiantar. Você diz que superada essa fase, nada mais separa a gente. Eu tenho medo de palavras como "nunca", "nada", "sempre"... principalmente se vierem acompanhadas por um "mais". Mas confesso que gosto da idéia e desconfio que possa ser verdadeira. A cada dia que passa vejo as coisas mais sólidas, mais certas, mais maduras e maiores. Nada diminuiu desde que eu te conheci. E é muito bom poder pôr em prática todas as minhas teorias sobre uma relação ideal. Não somos perfeitas. E o melhor é que a gente sabe disso. Eu te amo. Cada dia mais. Sabe a história da bicicleta?

domingo, 3 de janeiro de 2010

na cadência do meu samba

Não quero que me tratem como tal, mas às vezes comporto-me como uma adolescente desesperada.

Crescer dá muito trabalho.

há de haver

Cansei de ser forte. Já faz algum tempo... Mas vocês continuaram assim. A agir como se eu ainda fosse capaz de carregar um elefante. Não perceberam que cortaram meus cabelos. Não perceberam que a fonte de energias para minhas forças secou. Não conseguiram ver a sutil diferença no meu olhar. Não me perceberam mais calma, mais atenta, mais paciente, mais afetiva. E continuaram a me tratar como a uma adolescente. E, de repente ,eu me tornei a irmã mais nova do meu irmão mais novo. De repente, surpreendi minha mãe tentando me ensinar um caminho que eu devo ter percorrido vinte vezes mais do que ela nos últimos anos. E insistem em acreditar que certas coisas são só rebeldia. E que outras são pura carência. Talvez porque eu não deixe que percebam. Talvez porque já estejam tão acostumados a me ver, que não me reparam mais. Talvez porque não consigam adimitir a mudança. A fragilidade que tantas vezes salta aos olhos. De quem quer que seja capaz de ver por detrás da aparência decidida. Eu quero. É claro que eu quero. E vejo o quanto pode ser útil e até imprescindível em determinado momento das nossas vidas. E vim. E fiz. E tenho feito tudo que esperam de mim. Aguardando ansiosamente o momento em que poderei desfrutar do que mais me importa. E mesmo assim sigo amando vocês.