terça-feira, 16 de junho de 2009

Pra fazer um verso

"Amo você não por quem você é, mas por quem eu sou quando estou contigo" (Gabriel Garcia Marquez)


Eu não te amo.
Amo o que em ti desperta em mim tanto amor.
Não amo seu olhar.
Amo o brilho dos meus olhos quando vêem você se aproximando.
Não amo seu cheiro,
Amo a sensação que me toma quando meu olfato percebe sua presença no meu travesseiro.
Não amo seu sorriso,
Amo a vontade de sorrir que me dá quando a ouço gargalhar de piadas que mal aguenta me contar.
Não amo seus lábios,
Amo o vento frio que me corre o corpo quando toca os meus lábios num beijo tênue.
Não amo suas pernas,
Amo o arrepio que sobe pelas minhas pernas quando estão nuas e entrelaçam-se.
Não amo seu corpo,
Amo os sentidos que ele me desperta.
Não amo sua alma,
Amo o estado de euforia que a minha alma atinge na eminência de sua presença.
Não amo você,
Amo o que me desconcerta diante da sua beleza.
Beleza que é só sua.




"As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental"
(Vinícius de Moraes)

Reflexões e reflexos

Do que se cria sob um véu de sentidos


"O amor era um jogo, uma criação perpétua. Tudo era praia, areia, leito de lençóis sempre frescos". (Octavio Paz)


Foi guiando-se pelos sentimentos
Fazendo curvas onde via retas
Embriagando-se entre linhas de palavras tortas
Mergulhou nos versos que se fizeram em sopros.
Caminhou com cautela enquanto via pedras.
Alimentou sentimentos em conserva
Enquanto coube, no que era dentro.
Enquanto ainda, no que seria inteiro.
Entre fragmentos de sentidos
Entre grãos de areia coloridos
Formando em ondas o que se persegue
Virando forma o que se desenha
Tão perecível quanto desenhos em areia colorida
feitos por artesãs nordestinas
dentro de garrafinhas de vidro.

domingo, 14 de junho de 2009

Isso que se cala

Coisas que se encontra pela net


"Es que no puedo decir que necesito un amor porque el amor lo tengo en el diccionario. Lo que me hace falta, y lo has de imaginar, es un beso; y después del beso, un abrazo, y después una caricia y repetir la caricia... ¿vas entendiendo? No creas que te pido una aventura, mucho menos que seas un momento con su respectivo olvido y un posible arrepentimiento. Pero da igual lo que pienses si lo que importa ahora es mi "necesidad". Una imperante necesidad de hallarte dentro de mí, diciéndome acelerados respiros y, si se te ocurre, una palabra bonita para hacerlo menos frívolo y evitar que te sientas... ¿utilizado? Es una buena palabra; acertada, si tomamos en cuenta que somos un complejo instrumento para complacer y de paso... digamos... elevarnos. Podríamos descubrir el nirvana... No, no el amor, ni lo menciones. ¡No lo menciones! No pronuncies el amor. Mejor transfrórmalo en un beso. O mejor, en tu nombre."

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Um instante

Ainda é cedo, bem sei. Vou medindo as palavras, tentando não me precipitar. Substituo por outras, sussurradas ao pé do ouvido, entre um gemido e outro, devagar. (Linda). Que aos poucos saem, derramando lentamente o que se constrói. Que não se derrame muito, pois ainda é cedo, bem sei.

Ainda é cedo por ainda não ser exato, por ainda não ser total, por ainda não ser sincero. Ainda é cedo, bem sei.

Que seja no momento certo. Que venha quando nos acontecer. E que seja verdadeiro, pois sendo, se derramará sobre nós, sem que haja o mínimo de controle.


Que venha sussurrado entre colchas e lençóis, entre cheiros e gostos e carícias de amor, com o peito palpitante e o coração a sair pela boca. Que seja. (Eu te amo).



"Eu quero a sorte de um amor tranquilo
com sabor de fruta mordida"
(Cazuza)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O que sobra

De tão pouco


Tem nem uma semana ainda. Bastou. Bastou por estar deixando de ser o que era. O que tinha de melhor. O que era de mais conforto. O que sempre foi mais olhares que palavras. Mais silêncio que barulho. Mais calmaria que confusão. Bastou porque não era esse o propósito. Bastou por hora. Não bastou em mim. Ainda me cabe. Ainda me vem. Ainda me invade quando menos espero. Mesmo que ainda seja cedo, ou que já seja tarde demais. Vai saber? Nos espaços dos dias que ela ocupou, nos pedaços de momentos, nos comentários pertinentes, vem agora um incômodo. Um incômodo inho, de meia dobrada em cima do dedo, fazendo apertar o sapato que sempre coube.



"Se eu morrer não chore não
É só a lua
É seu vestido cor de maravilha nua
Ainda moro nesta mesma rua
Como vai você?
Você vem?
Ou será que ainda é tarde demais?"
(Lô Borges)