domingo, 30 de dezembro de 2012

nata


uma cena de alguém cortando fora a tatoo com um estilete, minha avó num avião da FAB, meu avô entrando bêbado cantando boemia. era uma frase que eu me lembrei hoje de manhã e já me esqueci novamente. é alguma coisa com um longo começo sem falas, câmera fechada e o som do mar. é a sutileza de poucas palavras e histórias cruzadas em momentos banais. qualquer coisa com pássaros e gaiolas (gostei demais dessas metáforas) e um ambiente surrealista. tarantino, sudoeste e uma bela paisagem agreste. o mar. mais silencio que barulho. a música que é silêncio. o som do tunel. o tiro, o grito e o grito em expressão escrita. é algo sobre amizade e suportar essa dor imensa que corroi tudo enquanto buscamos enlouquecidamente os momentos para sorrir. é uma história de maquinista e de bondade e de coisas das quais somos capazes (sem precisar de momentos extremos e cruciais da vida). é sobre as pessoas que eu conheço e as historias que eu vi/ouvi por aí nesses últimos 28 anos.

no fim de tudo, é sobre o que eu nunca vou saber responder.


retrospectiva

e no meu sonho, ela era paz. negra, linda, cabelos longos escorrendo pelos ombros, olhos de mel, olhar de tranquilidade.

mais uma vez, eu não me lembro o que ouvi. mas se ouvi, está aqui dentro em algum lugar.

acordei e descobri que ela é mãe. que ela é mais paz do que guerra, que está mais perto do que longe.

acordei e descobri que são só meus os sentimentos que me acometem em sonhos.


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escrever nunca foi uma opção
misto de necessidade e impulso
única forma conhecida para expressar certas coisas

e é bem aí que eu encontro aquela velha dificuldade com algumas palavras faladas.

eu sei escrever.

e hoje eu sei disso.


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"seguro morreu de velho", diz meu pai.



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precisar se encontrar dentro de si mesma.

precisar conhecer ou reconhecer de si o que nunca foi tão claro.

o campo, o mar, a vida.

algumas coisas que sabemos podem se tornar insultos quando ditas.


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a violência da cidade é difundida por cada alminha que a habita.


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eu me a mim - sem egoísmos.

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acabou 2012 e o mundo ainda anda por aí.


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sabe o que não muda?
o conforto e sossego que eu encontro no seu cheiro.

talvez tenha ficado devendo mais declarações de amor.
mas ouvi esses dias, em algum filmeco-comedia-romântica-sessão-da-tarde, que quem precisa alarmar o amor que sente é porque não sente o amor que alarma.

eu te amo.