sábado, 25 de dezembro de 2010

Confusão

Tem uma frase do Tom Zé que eu adoro: "Eu tô te confundindo pra te esclarecer". Me senti assim agora, depois de terminar de ler o livro Tambores de Angola, supostamente psicografado por Robson Pinheiro. 

Não conhecia nada sobre o autor e nem sabia que o livro se tratava de psicografia. Ele simplesmente "caiu na minha mão" na última quarta-feira e minha curiosidade em relação a publicações que tratem de religiões (e principalmente religiões africanas ou "afro-brasileiras") me fez comprar o livro sem nem antes ler do que se tratava. O livro não é grande (256 páginas) e acabei lendo quase todo ontem. Hoje de manhã, terminei os dois últimos capítulos que faltavam. 

O que li me fez ficar pensando em várias coisas, em experiências que já tive, em coisas que já senti, vi, ouvi e pensei. Mas mesmo com palavras bacanas e conceitos que caíram bem nas explicações que o livro tenta dar, ainda fiquei com aquela pulga atrás da orelha. Queria saber quem é o tal Robson Pinheiro, o que mais ele já publicou, qual a sua formação. Recorri ao Google, é claro! E o que encontrei me confundiu mais do que me esclareceu. Informações desencontradas, gente que ama e gente que odeia o tal autor (que não seria autor, já que seus livros são psicografados). Espíritas kardecistas agradecendo as explicações a respeito de Pretos Velhos e Caboclos e umbandistas afirmando que o cara é um aproveitador da alta que a cultura negra de uma forma geral está passando e que faz afirmações caluniosas a respeito de magia negra, umbanda e candomblé e que as coloca como estando abaixo do espiritismo kardecista. Opiniões em blogs e revistas especializadas em espiritismo e sempre no oito ou oitenta. Encontrei um único blog em que o autor escreve: "Ele é um homem e pode cometer falhas como todos nós". De cara deu para perceber que essa história de falar de espiritismo e umbanda juntos gerou uma baita polêmica.

Um dos comentários que li em uma lista de discussões dizia que o que Robson publica não passa de ficção a moda de Harry Porter, com passagens tão fantasiosas quanto as dos livros do bruxinho. E de fato, alguns dos trechos que li me fizeram passar mais rápido pelas páginas (principalmente quando há uma passagem que descreve uma guerra entre espíritos do mal e bem feitores kardecistas aliados a espíritos de Pretos Velhos e Exús). Tudo muito cheio de referências materiais e efeitos especiais dignos de filmes apocalípticos de hollywood. 

Tenho certeza que ainda tenho muito a aprender sobre fenômenos que não conheço e minha curiosidade não está satisfeita nem a metade. O livro que no início parecia me esclarecer, acabou se mostrando mais confuso e ilusório. Mas talvez seja essa mesma a idéia. "Estou te confundindo pra te esclarecer". 

A busca continua e quem sabe um dia não encontro respostas para ter uma convivência mais harmônica com a natureza e as energias que circulam nela e em nós consequentemente. 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Eu quero o verão

Eu quero o verão, com tardes quentes infinitas, com o sol se pondo as sete da noite, com o cheiro da maresia no corpo molhado e seco ao sol. Quero o verão de não ter quer esperar e esperar por tudo com a maior paciência. Quero o verão de acordar cedo, só pra aproveitar mais um pouquinho do dia. O verão de olhar pela janela para ver mocinhas passar. Quero o verão com água salgada e água de coco. Verão de deitar na rede no fim da tarde e deixar o corpo pesar, ouvindo Marisa Monte, cansada do vai e vem das ondas e do sol, que cansam igual dançar na pista até de manhã. Quero o verão de pele ficando bronzeada e mergulho na piscina na volta da praia. Manhã com cheiro de protetor solar e tarde com almoço às cinco. Quero o verão de suco, sorvete, picolé e milk shake. Verão de vodka, cerveja e música até amanhecer. Quero verão de ouvir axé e decorar a nova música da Ivete. O verão me estasia. Bendito país tropical! Que Deus sempre o abençoe! E que eu vire professora o mais breve possível.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Susto

Não tem medida. Não sei dizer o tamanho. Talvez você faça uma idéia, por ser muito próximo do que existe aí dentro também. E explode e vem na boca, vem no choro quando a ficha cai.

Eu não quero te perder. Nem agora, nem assim.

Eu não aguentaria.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Satisfação

E como chorava. Chorava tanto. Mas não era choro de tristeza, nem choro de medo ou de saudades. Era choro de ser. Choro daquilo tudo acontecendo, assim, sem pressa, mas vindo correndo tanto. Ela sabia que aquela angústia dos últimos meses precedia um momento como esses, em que tudo se encaixaria sem maiores esforços.   Era choro de satisfação, como aquele dia em que chorou dentro da van, vendo o mar de São Conrado. Choro de estar viva e se saber feliz. Era choro para abrir os pulmões e respirar fundo toda a vida que aparece na frente, tudo aquilo que dá pra ver através da frestinha da porta que se abre. Escancara. Pula. Sem medo, sem angústia. "Você fica aí, posando de forte, como se não tivesse medo do que vai acontecer", ela disse. Sabe o que é? Eu amo esse medo.