sábado, 8 de novembro de 2008

A primeira vez a gente nunca esquece

Tardou, mas não falhou


Tem coisas que são praticamente inevitáveis na vida, mesmo não sendo muito agradáveis. Quando se trata de relações afetivas então, é tudo muito clichê.

Você vai se apaixonar, você vai achar que não vai conseguir viver sem alguém, um belo dia esse alguém vai embora (por um motivo qualquer) e você vai ter que aprender, na marra, que relações não são eternas. E como já disse Arnaldo Jabour, não é porque acabou, que não deu certo. Relações, como tudo na vida, têm um prazo de validade. A diferença é que o do leite vem na caixa, mas ninguém desfila por aí com números na testa.


No meio de tantas coisas comuns a tanta gente diferente, "tomar um pé na bunda" é só mais uma dessas situações clichês. Normal, acontece com todo mundo. Aos quinze, vinte ou quarenta anos. Se você nunca tomou um, aguarde: ele pode tardar, mas não falha. Só que as pessoas têm o péssimo costume de acreditar que certas coisas não vão lhe acontecer, principalmente se você passa por tantas fases da vida imune a elas.

No auge dos meus vinte e quatro aninhos, acho que, ingenuamente, não acreditava que fosse passar por tal situação. Confesso que já aprontei um bocado, já me apaixonei loucamente, já traí e já fui traída, já namorei por um mês, por um ano, por quase dois (porque além disso ainda tá muito longe da minha realidade). Já tive rolos, casos, acasos, aventuras, encontros e inúmeros desencontros. Já me magoaram e já magoei quem não queria. E mesmo com tantos acontecimentos nessa vida louca, eu passei anos imune ao tal "pé na bunda". De tanto que ele demorou, eu não me preocupei em me preparar psicologicamente para quando viesse. E ele tardou, mas não falhou.

Dói. Dói o cotovelo, a cabeça. Dói a queda por terra das reles expectativas de bons dias ao lado de alguém. Dói pensar que não se pode ter tudo nunca. Que essa coisa de querer construir uma relação não existe, porque uma relação são sempre duas. Não adianta achar que está tudo muito bom se na tal outra relação, que corre paralela, nem tudo são flores.

E é uma dor estranha, que, a princípio, não se sabe muito bem de onde vem. Não sei se dói por mim, por você ou por tudo o mais que poderia ter sido e não foi. Mas nada que uma boa cachaça no balcão não ajude a curar. Colo de amigos são sempre bem-vindos nesses momentos também. No meu caso, como nada pode acontecer numa "normalidade", mesmo quando apareço no meio da noite com a cara mais triste dos últimos tempos, a história vira piada.
"Tomei um pé na bunda."
"Ah normal, acontece."

"Eu sei, mas fico triste mesmo assim, né?"
"Peraí, isso aconteceu hoje?!"
"É...agora. Coisa de quinze minutos"
(Risadas generalizadas)

Ao menos não se perde o bom-humor.

Dor curada, o que sobra é lamento e brigadeiros com granulado verde.

Crianças continuam sendo uma excelente terapia. Dá um baita orgulho saber que influencio no desenvolvimento de um serzinho que se torna cada vez mais um belo rapaz.

"O que você quer de presente, Arthur?"

"Ah, pode ser um livro... ou um jogo..."



"Minha cara, minha Carolina
A saudade ainda vai bater no teto
Até um canalha precisa de afeto
Dor não cura com penicilina"
(Zeca Baleiro)

Um comentário:

Unknown disse...

"...menos xadrez, porque esse eu já tenho."
poxa, não leve meus amigos a mal.
vc tá careca de saber que gosto de ter por perto pessoas com o humor parecido com o meu.
e um conselho seu que eu nunca esqueci, quando você abandonava as terras mineiras: "acredite sempre no seu humor."
e só lamento por aqueles que não têm essa ... sagacidade de falar as coisas na cara, sem enrolar, sem rodeios, deixando o coração, o cabelo e os cheiros se envolverem, o tempo passar e a cogarem de falar aquele "então...sabe o que é?..." nas piores horas.

ficou há anos no meu orkut, mas eu mudei depois de uma pequena fase da minha vida:
"paixões: isso passa, fica tranquilo(a)."