sexta-feira, 31 de julho de 2009

O exercício das pequenas coisas

O que me trazia de volta? Não sei ao certo. Mas crescia em mim uma grande satisfação de compartilhar aqueles momentos com aquelas pessoas. Bares, cafés, almoços e jantares. Um colo e uma cama quentinha. Conversas moles sobre assuntos duros. Na imensidão de concreto, é preciso leveza para sustentar o peso do próprio corpo; o peso da própria alma.

Cumplicidades e afeições gratuitas. A sutileza dos grandes encontros. Eu agradecia à Fortuna a sorte de ter ao meu lado pessoas com capacidade de me deixar tão à vontade.

Subíamos a Augusta aos atropelos, pondo em dia as conversas de um ano inteiro. Começava a garoar e nós só queríamos um chocolate. Teria sido mais fácil caso o correr das horas já não estivesse tão adiantado. na esquina da Paulista, por entre a neblina, o relógio marcava 23:54. Meu coração palpitou, meu peito se encheu numa respiração profunda. A cidade não pára. Nunca.

O que me trazia de volta? Não sei ao certo.Mas crescia em mim uma grande satisfação de estar viva. Como se só as imensidões fossem capazes de me fazer sentir assim.

Por entre as torres de concreto, minha idéias criam asas, querendo voar mais alto que os arranha-céus. Querendo atingir o tamanho de Deus.

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