domingo, 5 de abril de 2009

Duas garrafas de água e a conta

O lugar certo pode não ser o lugar ideal


- Eu sou do tipo que sofre. Sabe aquele que, quando chega pra contar pros amigos, só recebe esporro?

- Sei bem.

- Pois é. Só escuto assim: "Você é muito bobo", "Pára de sofrer por isso", "Você acreditou nele?" Mas fazer o que se eu me apaixono?

- Eu também já me acostumei a levar esporro, mas porque acho que essa mania de seduzir acaba com a nossa reputação. Ninguém acredita quando eu realmente estou apaixonada.

- É, te confessar que já vi você se apaixonar por três na mesma semana.

- Mas aí não era exatamente paixão...era fogo..e fogo por pessoas que seriam interessantes de se apaixonar.

-Mas ser interessante de se apaixonar são assegura nada.

- Pois é...se nem amando assegurou...imagina querendo amar?

- Vocês de escorpião...sempre nos extremos...ou muito sentimental ou muito racional.

- Conheci pessoas pelas quais eu realmente gostaria de ter me apaixonado. Mas isso de sentir a gente não escolhe, né?

- Pois é...e eu me apaixonei por pessoas que eu fiz de tudo pra não me apaixonar.

- Por quê?

- Porque tem gente que não presta, que você sabe que não presta...ou porque eram umas pessoas um pouco parecidas com você, dessas que a gente sabe que prestam, mas só quando querem. E é arriscado demais servir de cobaia.

- Nossa. Já ouvi muita coisa sobre escorpianas e muita coisa sobre mim, especificamente....mas nunca assim. Nunca parei pra pensar desse jeito. Mas eu não uso as pessoas...pelo menos não sem o consentimento delas...rsrsrsrsrs

- Você não presta!

- Você também não acredita, né?

- Acreditar no quê?

- Que eu goste dela. Também acha que é só fogo.

- Olha, eu me surpreenderia se fosse só fogo. Porque faz tempo que você fala essas coisas sobre ela. Mas isso de ser um desafio, de você nunca saber muito bem o que rola...acho que é um ótimo combustível.

- Me chamaram de covarde. Publicamente. Não me senti bem, por mais que saiba ser um tanto covarde muitas vezes.

- Não acho covardia. Conheço ela, até bem antes de te conhecer. Sei como é. Um dia ela relaxa, a ficha cai melhor, ela se livra das coisas que ainda fazem ela pensar que não vale a pena viver isso. Aí é bem capaz dela te procurar, pra pôr isso a limpo.

- Pensei em ligar. Eu sempre penso em ligar. Às vezes mando mensagens, quase nunca ela responde.

- É difícil mesmo. Ninguém te disse que seria fácil, não é? E foi você mesma que se dispôs a isso. Que sempre esteve à disposição pra conversar, pra consolar, pra curar carência. Não dá pra ter pressa.

- E isso não seria covardia?

- Talvez fosse, se o seu medo não tivesse fundamento. Com ela ou com qualquer outra é super normal você ainda sentir esse mínimo de receio de se relacionar. Sendo com ela então...calma.

- É...a maldita pressa da juventude.

- Quando é que você vai voltar a beber?



"Meu coração
Tem mania de amor

Amor não é fácil de achar

A marca dos meus desenganos

Ficou, ficou"

(Paulinho da Viola)

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