domingo, 9 de agosto de 2009

As cartas que eu não mando

Ei Flor,

também sinto saudades. Saudades das nossas conversas, dos sonhos deixados de lado pra que o papo rendesse um pouco mais. Do carinho e do cuidado entregues de graça mutuamente. Já sinto saudades das manias teimosas e dos comentários ranzinzas que costumavam me deixar pensativa e dos quais hoje sei sorrir e esperar que eles passem. Das implicâncias pequenas por coisas pequenas que no fim nos faziam trocar olhares com um sorriso debochado no canto da boca e simplesmente ríamos. De nós mesmas. De nada.

Sinto saudades da calmaria e da compreensão. Das demonstrações de afeto que olhares maliciosos tentavam desvirtuar, porque sob os nossos olhares é só a pura expressão do nosso amor. O melhor que se pode ter de um amor. Nosso amor tanto mais ágape que eros. Certas coisas só a gente entende e porque não cabe a mais ninguém entender.

Eu volto. Em breve. Quando o tempo for propício. Te levo um doce e uma cachaça, praqueles momentos de esticar as pernas.

Mande lembranças aos nossos. Diga ao pequeno que tenha paciência e um foco que logo logo as coisas andam. Para os Filhos do Vento, os caminhos estarão sempre abertos.

Dê notícias, mas não sempre, para que nunca se esgote de nós a vontade de pôr a conversa em dia.

Sigo ansiosa pelas próximas cenas dessa vida que eu tento controlar o caminho, mas que sempre me escapa. ("minha vida me ultrapassa em qualquer rota que eu faça"). Vou semeando entre os meus os grãos gêmeos da nossa relação. Plantando as sementinhas do amor, para que em toda época ele brote ao meu redor, embreagando-me com seu perfume.



"É o bonde do dom que me leva
Os anjos que me carregam
Os automóveis que me cercam
Os santos que me projetam
Nas asas do bem desse mundo
Carregam um quintal lá no fundo
A água do mar me bebe
A sede de ti prossegue
A sede de ti..."
(Arnaldo Antunes/ Marisa Monte/ Carlinhos Brown)

Um comentário:

Unknown disse...

que lindo!
te mandaram ou vc mandou pra alguém?

acabei de enxugar as lágrimas do texto que eu fiz e será lido pelo orador.
nostalgia de fins de etapas cumpridas.