quarta-feira, 11 de junho de 2008

Sobre guerreiros e frouxos

O mundo se divide entre frouxos e guerreiros (um post engavetado entre uma batalha e outra)


É assim, passam os anos e a gente vai lentamente se disiludindo com as coisas utópicas da vida. As verdades vão caindo por terra, os assuntos na mesa de bar já não são os mesmos, a cerveja e os petiscos também mudam de gosto.

A vida muda de gosto pra quem tem consciência dela há um tempo bom.

Pelo menos é o que me parece quando passo uma parte do meu tempo conversando com pessoas de duas, três gerações acima da minha.

Natural, tudo muito natural, processos comuns de amadurecimento de mentes brilhantes.

Mentes guerreiras ou frouxas.

o mundo se divide entre quem briga por tudo e quem não briga por nada.

Guerreiros, tal como guerrilheiros, se encontram em grupos, pensam estratégias, elaboram ações e partem pra luta.


Guerreiros da educação, da saúde, da vida. Pessoas que mesmo com todas as desilusões, com todas as quedas de convicções, não deixam de pegar em armas para lutar pelo que acreditam.

Mas existem também os frouxos. Os frouxos parecem já saber de tudo isso. Já nasceram desiludidos. Não criam ilusões utópicas, não apoiam causas humanitárias, até porque é luta demais e resultados de menos.

Resultados são coisas para frouxos. Guerreiros de utopias não pensam em resultados, se concentram nos processos.


Não que ser frouxo seja melhor ou pior do que ser guerreiro. Frouxos constroem família, constroem casas, patrimônios. Preocupados com resultados, frouxos investem em coisas seguras, pensam na estabilidade e constantemente a alcançam.

Guerreiros morrem pobres, com idéias engavetadas e pensamentos guardados no fundo de copos de botequins. Alguns ainda viram mestres, doutores e conseguem uma boa aposentadoria no fim da vida, pra curtir um pouco desse mundo dos frouxos, das coisas boas que essa sociedade consumista ainda pode nos proporcionar.

Guerreiros tendem a morrer desiludidos, a carregar angústias para o caixão e quase nunca chegam a ver algum resultado das guerras que travam durante toda a vida.

Mas frouxos e guerreiros, por mais distantes que pareçam ser, caminham juntos. São padrões de comportamento que podem ser identificados quando ainda somos muito pequenos, na pré-escola.

Poderia passar o resto do dia aqui, escrevendo sobre padrões e sonhos que cada um carrega em si, mas tenho uma guerra me esperando lá fora.


"O teatro mágico é o teatro do nosso interior

A história que contamos todos os dias
E ainda não nos demos conta
As escolhas que fazemos em busca dos melhores atos,
Dos melhores sabores,
Das melhores melodias e dos melhores personagens
Que nos compõem,
As peças que encenamos e aquelas que nos encerram
Nosso roteiro imaginário é a maneira improvisada
De viver a vida
De sobreviver o dia, de ressaltar os tombos e relançar as idéias,O teatro nosso de cada dia"
(O Teatro Mágico)

2 comentários:

Anônimo disse...

E a vida não deixa de correr, e os guerreriros vivem, pulsantes, enérgicos, mesmo que com sono numa manhã de segunda o pensamento já vai longe, as mãos inquietas procurando realizações.
Belo post! É bom saber que há pessoas pulsantes, com veias efervescentes e que um dia nessa ervilha toda de mundo elas se esbarram por um bar, entre umas cervejas, cigarros e bons papos ;)

Unknown disse...

guerreiros com guerreiros fazem histórias para guardar numa caixinha.
bom te ver, meu bem.