sábado, 29 de setembro de 2012

Eu não sei dar títulos aos textos que escrevo


Ah, doutor, o que é isso?
Muito diagnostico e pouca eficácia.
A objetividade me cegou.
Não ouço mais vozes.
Não digo mais nada.
Não há o que dizer.
As palavras são

A dramaturga calou-se.

Acordei e era uma noite hip hop.
Gritavam comigo
“Qual é a dessa fala?”
E falavam de mim
“Qual é a dessa porra dessa fala?”
E em minha defesa, a ausência
É o jeito que eu falo?
São as minhas palavras
ou o meu ritmo?
“Qual é a dessa fala?”

Acordei e eram os dois, o casal
me olhando da parede
me encarando à distância de quem vive em países frios
me encarando à distância de quem vive durante  guerras
Qual é a dessa fala?

A dramaturga ficou sem palavras

Eu poderia sentar aqui e escrever sete páginas
sete páginas de coisas bonitas e profundas
sete páginas de sete blogs sobre sete formas de manifestações da potência
Eu poderia sentar aqui e escrever pra vocês sete vezes o que eu já escrevi na vida
Mas não.

A dramaturga ficou sem palavras

O quanto é potência um soco bem dado no auge da raiva
O quanto é potência um grito desesperado na hora do medo
O quanto potência um monte de palavras empilhadas
O quanto potência
O quanto eu
Mas não

A dramaturga ficou sem

Acabo de acordar e é a cara dele sem graça
A cara dele querendo um soco no auge da raiva
A cara dele fugindo do meu olhar
Acabo de acordar e talvez, mais uma vez
talvez eu me importe mais do que deveria

Eu poderia sentar agora e escrever sete páginas
Mas são duas

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