Sabe a distância entre ser o que se é e o que deseja ser? Essa imagem que eu vejo refletida nos vidros do metrô não se parece em nada com aquela que me ocorre em sonhos, nas raras vezes em que consigo me ver de fora do corpo. Talvez um olhar ou gesto com as mãos. Talvez a forma de mexer nos cabelos ainda seja a mesma da tal menina. Talvez os sonhos...talvez. É uma imagem confusa, que não sei dizer se vem de dentro ou de fora. Se é um mosaico de cores, formas e atitudes que, como uma criança se mirando em exemplos, eu vim construindo e modificando. Ou se um reflexo, uma expressão de opiniões e desejos contidos, guardados. Não sei se uma musa, um estereótipo ou um eu em mim, escondido, contido, sufocado atrás de pastas e papéis, sapatos de salto e maquiagem. Um eu louco para gritar, estufar o peito e se orgulhar de ser assim, simplesmente o que é. Viver de arte e de amor.
Aquela, que se mira nos vidros do metrô, não sou eu. Nem eu essa, que se deixa levar louca, nos caminhos confusos de quem não sabe bem o que quer.
É meu amigo... nós somos mesmo uns covardes, sucumbindo ao cotidiano burocrático em nome de uma responsabilidade que nos abate os sonhos.
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