E como chorava. Chorava tanto. Mas não era choro de tristeza, nem choro de medo ou de saudades. Era choro de ser. Choro daquilo tudo acontecendo, assim, sem pressa, mas vindo correndo tanto. Ela sabia que aquela angústia dos últimos meses precedia um momento como esses, em que tudo se encaixaria sem maiores esforços. Era choro de satisfação, como aquele dia em que chorou dentro da van, vendo o mar de São Conrado. Choro de estar viva e se saber feliz. Era choro para abrir os pulmões e respirar fundo toda a vida que aparece na frente, tudo aquilo que dá pra ver através da frestinha da porta que se abre. Escancara. Pula. Sem medo, sem angústia. "Você fica aí, posando de forte, como se não tivesse medo do que vai acontecer", ela disse. Sabe o que é? Eu amo esse medo.
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